Há anos venho estudando o comportamento da mulher nos tempos atuais. Este espaço destina-se a analisar os reflexos (positivos e negativos) decorrentes do movimento feminista, através de textos escritos por mim e outros autores.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ENCALHADA, EU?


Há uns 30 anos, a mulherada morria de medo de ficar pra titia ou ficar encalhada (sei bem disso, porque eu era uma delas). Naquela época ainda existia o Normal (equivalente ao 3º ano do ensino médio), que preparava as garotas para serem professoras. Muitas o chamavam de “profissão espera marido”.
De lá para cá tudo mudou. Atualmente temos várias profissões a nossa disposição e podemos decidir o nosso destino. Porém, é interessante notar, que ainda hoje, muitas mulheres se preocupam com o fato de ficarem sozinhas. Será que este conceito, tão enraizado, ainda permanece vivo em nosso inconsciente?
Um navio encalhado é aquele que não consegue navegar. Encalhar significa parar, ficar detido, não ter seguimento, não ter saída. Naquela época este termo cabia muito bem, porque a mulher que não se casasse não tinha saída para a sua vida. Por um lado, ela dependia de um homem (um marido) que a sustentasse e lhe desse um teto para morar. Por outro, o casamento lhe conferia respeito e dignidade.
Estar em busca de um grande amor e estar com medo de ficar encalhada são duas faces de uma mesma moeda. É preciso muita ponderação para discernir uma coisa da outra. Perguntas do tipo “Você ainda não casou?”, “Você está sozinha?”, “Você não tem namorado?”, podem nos fazer sentir fracassadas e nos empurrar para um relacionamento qualquer, só para resgatarmos uma dignidade, que se supõe estar perdida. Muitas mulheres permanecem num casamento acabado há muito tempo e sofrendo maus tratos por causa deste medo. E também vejo muitas jovens desesperadas para contrair matrimônio, pelo mesmo motivo. A minha pergunta para elas é: “O que você quer é casar, então não importa com quem, não é?”
Estamos no século XXI, conceitos e valores estão sendo reformulados. O que era verdade no passado, hoje se tornou totalmente obsoleto. Mas ainda respondemos a regras que nos foram impostas. Quebrar um paradigma já estabelecido não é tão fácil assim, porém é possível e necessário. Então, como deixamos de sentir este medo de ficar encalhadas? Mudando o conceito desta palavra, através da conscientização!
Ler, estudar, manter-se informada, fazer amizades, ser flexível, enfim, abrir a mente para o novo e para as mudanças que estão ocorrendo, isto nos faz andar, crescer e evoluir (desencalhando-nos e nos deixando livres para as nossas escolhas). Dessa forma, faremos jus ao movimento que capacitou a mulher para a vida e, de fato, desbravaremos novos horizontes
Portanto, olhando por este novo ângulo, aquela pessoa que parou no tempo e vive uma vida de mesmice, esta sim, está encalhada. E aí tanto faz ser homem ou mulher, estar sozinho (a) ou estar se relacionando.
"Geisa Machado"

24 comentários:

  1. GEISA, análise corretíssima.

    Se você me permitisse primeiro gostaria de contar-lhe uma história (agora não existe mais a palavra estória, uma pena)que traduz exatamente, este conceito de paradigma enraizado e culturamente, solidifificado.

    Numa estrada um homem passa com seu carro por uma mulher que vinha em outro, e em sentido contrário e grita:

    -Vaca!Vaca!

    A mulher imediatamente bota o rosto para fora do carro e devolve:

    -E a sua mãe seu filho da ....

    E "aliviada",entrou numa curva e espatifou seu carro contra uma vaca que estava , bem no meio da estrada.

    Quando você fala em necessidade de mudança de paradigmas,em apoio, deixo este exemplo para reflexão e referência.

    Quanto a instituição do casamento que está dentro de um grupamento social mais amplo que é a família, consequentemente os filhos e a necessidade imprescindível de educá-los, este fenômemo de ficar "encalhada" é uma solução,uma resposta, encontrada pelo inconsciente coletivo às transformações ocorridas na sociedade.

    Certamente, as causas que levam um mulher ou um homem a ficarem "encalhados"atualmente, são muito distintas das razões de 20 ou 30 anos arás.

    É como se neste processo incosnciente, estivessemos perguntando:

    Neste casamento, hoje, quem cuida dos filhos? O pai e a mãe que trabalham e ficam até 12 horas por dia, fora de casa?

    Está valendo a pena casar-se para uma mulher que pensa em ter filhos após os quarenta anos, quando pretende que sua vida profissional já esteja sedimentada e o homem suficientemente amadurecido na relação, para não faltar-lhe?

    Acho que aqui estamos rompendo outro paradigma e colocando o pé no freio, para aquilo que os motoristas de ônibus costumam chamar de freiada de arrumação dos passageiros , quando o veículo está muito cheio!

    E conto outra história.

    Na décadas passadas quando eu passava pela porta das escolas e via centenas de crianças uniformizadas eu me sentia muito orgulhoso e com aquele merecido ufanismo,e sentimento pátrio de um país que vai pra frente.

    GEISA, hoje,quando passo pela porta destas escolas e vejo a mesma cena e o número de alunos multiplicados por dez,sinto mêdo,
    uma confessada insegurança e o futuro olha pra mim de cara feia.

    Haverá emprego para esta gente toda? Os mecanismos de criação e manutenção da seguridade social vão funcionar?

    É outro elemento de relexão que deixo aqui.

    Fianlmente,GEISA, acho que um bom livro que alguém já me indicou e lí e relí foi: O Choque do Futuro de Alvin Toffler.

    E deste livro destaco um pensamento central do autor, quando analísa esta nossa atual
    Sociedade da Informação, do Conhecimento que ele chama de Terceira Onda ( as duas outras foram a agricola e a industrial) e afirma que nós viveremos sob o espantalho sócio-tecnológico, por ele definido como:

    "A morte da permanência".

    Um abração carioca.

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  2. Olá Geisa!
    Muito coerente sua colocação.
    Hoje sou uma mulher só comigo mesma. Foi uma opção minha. Não preciso estar com alguém pra ser feliz.
    Levei muitos anos da minha vida pra descobrir essa realidade.
    Dias desses tive um surto de saudades do meu ex-marido, mas foi só um surto. Comecei olhar pra dentro de mim... e ele não cabia mais dentro do guarda-roupas, na mesa não tinha mais espaço pra ele, nem na minha cama, nem no meu banheiro, enfim não tinha mais espaço na minha vida.
    Fico muito triste em saber que muitas amigas que se separam correm em busca de outros amores só pra preencher um vazio que ficou, sendo que, com o atual companheiro o vazio permanecia.
    As mulheres ainda continuam encalhadas num processo de desvalorização.
    Pensam que pra ser feliz eu preciso do outro.
    "Somente aqueles que verdadeiramente amam e que são verdadeiramente fortes podem sustentar suas vidas como um sonho... mesmo se você perder, ou ser derrotado por coisas, está protegido por seu próprio conto de fadas."
    Ben Okri, em Arcádia (Phoenix House, 2002)
    Beijo no seu coração!

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  3. Novos tempos, nova sociedade, nova mulher. Que ela cresça sempre, que desbrave sempre. me lembro ainda criança,minha mãe, coitada, limitada e eu ficava incomodado por isso.Mas isso foi ainda nos anos 70. Só que acho que a mulher precisa se libertar de outras coisinhas que a meu ver a denigrem um pouco, como a super exposição sensual na mídia. Tenho mais um exemplo. Não temos a tão falada e recente Lei Maria da Penha? Ótimo.Mas há uns 45 dias, deu no Fantástico que um comentarista esportivo da mesma rede,inclusive medalhista olímpico, agrediu com socos a esposa e deu até delegacia no caso. A notícia foi dada palidamente na última notícia do programa e não se falou mais nisso.Foi abafado.Então a Lei Maria da Penha, como tantas outras no Brasil, só se aplica quando querem ou conforme interesses? Cadê todos esses movimentos femininos espalhado no país? Seu texto é muito bom. Parabéns.Beijos

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  4. Olá Geisa,
    Não me é muito facil, comentár este texto muito bem escrito.Eu não fiquei encalhado
    sou casado à mais de trinta anos, e sempre com a mesma mulher, já temos uma netinha e somos muito felizes.
    No entanto no tempo que eu me casei, quando um moço ou moça não casava até aos vinte e cinco ouvite e seis anos começavam a chamar-lhe solteirão que é o mesmo que ser encalhado, se era homem diziam não deve de gostar de mulheres, e às mulheres era igual.
    Eu conhece pessoas juntas que são infelizes e conhece pessoas que vivem só, e também o são.
    Acho que cada um deve viver da maneira que quiser e procurar ser feliz seja de uma maneira ou de outra, sem preconceites.

    Um beijinho, José

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  5. FAVOR COMPARECER AO BLOG FOTOFALADA.

    ENCALHADA OU NÃO, OPORTUNIDADE ÚNICA E ATENDENDO A PEDIDOS.

    GRATÍSSIMO.

    UM ABRAÇÃO CARIOCA.

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  6. O paradigma está no coletivo insconsciente,mas, creio que suas raizes já estão sendo cortadas.A moeda tvz sempre terá duas faces e as vias duas mãos, há os que estão indo viver essa história e tb os que já estão voltando com suas bagagens. No meio disso tudo estão as escolhas.
    Tenho uma prima cujo marido estava inseguro pelo fato dela ser tão independente e reclamava que ela não precisava dele pra nada.Ela então respondeu:-Realmente não preciso de vc pra nada mesmo. Estou com você porque te amo.
    É isso. Estar encalhada é estar atracada no passado sem se amar,sem sair da caverna. bjão

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  7. ótimo texto, muito bom voltar ao teu blog.
    Maurizio

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  8. Geisa, teu blog é bárbaro.
    estou te seguindo.
    bom fim d semana

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  9. Tudo na vida são opções, consequencias e desafios,,e vamos seguindo em frente sempre sem desisitir é de ser feliz, sem rotulos....beijos e um belo sabado.

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  10. Encalhadas estão as mentes de mulheres e homens que pararam no tempo.

    Bjs

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  11. Oi Geisa!

    Desculpe o sumiço, mas finalmente meu pc foi consertado e agora poderei voltar a ativa.

    Seu texto tá muito bom e de cara me identifiquei com o tema de hj. Ao terminar de ler, pensei: "nossa, parece que ela estava pensando em mim quando escreveu", pois o tema tem tudo haver com minha história de vida.

    Desde novinha sempre acreditei no amor. Achava que um dia ia encontrar "meu principe", ia me casar e ser feliz para sempre, como nos contos de fada que li e tb no que me fizeram acreditar. No entanto, ao longo da vida fui percebendo que as coisas que não acontecem dessa forma "tão perfeita". A vida é mais complexa e o amor então mais ainda.

    Fui uma adolescente muito tímida e pra piorar me achava a mulher mais feia da face da terra. Levou um tempo e alguns de terapia tb para eu mudar essa auto-imagem. Isso me atrapalhou um pouco, pois por anos me fechei.

    Quando cheguei aos 28 anos me dei conta de que não havia casado. E as pessoas começaram a perguntar e fazer os questionamentos que vc citou em seu texto: "vc ainda não casou, não tem namorado?". Nossa, era um saco e é até hj escutar isso. Mediante isso, comecei a achar que a chave de minha felicidade era "um casamento", pois escutava tanto isso, embora não visse isso em algumas relações (amigos e familiares casados", passei a acreditar que so depois disso seria feliz de verdade. A partir daí me lancei numa louca aventura em "busca de alguém". Não importava muito quem, so que me amasse e quisesse ficar comigo. Nisso a internet se tornou minha companheira e ali conheci cada tipo, de tudo um pouco.

    O resultado (lado ruim) foram: dores, frustações, sofrimentos, decepções, dentre outras coisas.
    O lado bom: meu filho que vai fazer 3 anos agora em janeiro (amo demais ele, mesmo sem o pai ter o aceitado), amadurecimento, força, autoconhecimento (aprendi de fato o que é felicidade) e não necessariamente é ter um homem ou estar ao lado de alguém, traquilidade para saber o que é bom de fato, dentre outras coisas.

    Enfim, sofri um pouco para entender que a felicidade está além de um casamento. Podemos ser felizes de várias formas, as vezes ao lado de alguém ou sozinha. Cada um é feliz ao seu jeito. Tenho amigas casadas que vivem uma "completa solidão a dois" e tenho amigas solteiras "que vivem bem e felizes" com seus namorados e muitas não querem nem casar.

    Apesar de tudo que vc abordou em seu texto, ainda hj a mulher é questionada, quando passa dos 30 e não casa. Somos vistas como "seres anormais" que tem algum tipo de problema, pois não conseguem conquistar um homem. E acredite Geisa a maioria das pessoas que cobram isso são mulheres.

    Conseguimos sucesso profissional, a mulher está conquistando seu espaço, a maioria de nós cuida e sustenta uma casa sozinha, somos excelentes chefes de família. Porém, ainda somos cobrada quando não chegamos ao altar.
    A mentalidade ainda não mudou da forma como deveria. Muitas mulheres ainda veêm no casamento o caminho para sua felicidade plena.

    Um abraço.

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  12. Casei cedo, talves pelo fato de estar impregnada com os paradgmas da minha mãe.
    Hoje meus pensamentos são outros, já entendo encalhada da forma como descreveu, graças a Deus. Sei que tenho algumas fraquezas/paradigmas a serem superados...

    Conheço muitas moças que, ainda, pensam da outra forma e apesar de serem bem sucedidas se sentem inferiores por não terem alguém.
    O fato é que muitas mulheres acreditam que só depois do casamento é que se vive feliz para sempre.

    Beijos e parabéns por mais um excelente tema/texto.

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  13. E vamos adiante...
    Bjos querida e que a mulher continue mais e mais ocupando seu tão merecido espaço.

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  14. Passei aqui para ler-te e deixo um grande abraço.

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  15. GEISA, seu selo já está lá.Muito obrigado!

    Um abração carioca.

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  16. Oi Geisa, com alegria pego seu mimo, mas está dando erro no meu blog.Foi assim tmbém com o da Elaine Barnes.Eu também não sei mexer muito,a verdade é essa.Vou pedir ajuda ecolocar, aliás vou criar um outro blog só para esses presentes. Muito obrigado.Beijos

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  17. Minha querida amiga, de coração venho agradecer o presentinho, claro que está aceito, e guardado não so no coração como tambem no link, www.olivrodosdiasdoispresentes.blogspot.com ---beijos na alma e um lindo final de semana pra ti.

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  18. Oie! Td bem por aí? Passei pra te desejar um final de semana porreta de bom e te oferecer um selinho que está nos amigos e mimos da coruja. O link está lá tb. O selinho é uma graça. Ganhei da Luciana. Não tem regras. São para os amigos que fazem a diferença.E você é uma delas.Montão de bjs e abraços.

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  19. Estou passando para visitar e aproveito para desejar um feliz Natal.
    Meu interesse é a grande paixão que tenho pelo a vida e sempre sobra em mim tempo para poder ajudar alguém com uma palavra.
    Adorei visitar seu blog.
    Beijos

    Lucimar

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  20. Puxa! Carecia me emocionar com a história da estrela? Ando uma manteiga derretida. Os amigos que acompanham nossa trajetória fazem toda diferença!Estão no céu quando lá estamos e nos apanhando do chão quando como estrelas caimos. Obrigada. Montão de bjs

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  21. OiGeisa!

    Obrigada pelas "belas" palavras de carinho dirigidas a mim. Fiquei tão feliz em saber que vc gostou do meu blog, da minha forma de escrever e da minha pessoa. Em minhas palavras vc pode conhecer muito de mim. Sou assim, jeito simples, comum, leve e tranquilo que ta aprendendo com a vida. Vivi algumas experiências e graças a Deus, aprendi com elas.

    Obrigada tb pelo selo. Gostei muito e brevemente vou colocar o seu e os outros que ganhei. Confesso que ainda não sei mexer bem na parte de configurações do blog. Da última vez que tentei fazer uma alteração, acabei apagando o endereço de todo mundo e tive de refazer tudo. Deu um baita trabalho. Aos poucos meu cumpadre e amigo Marcelo ta me ajudando.

    Um beijinho e um excelente domingo.
    PS. gostei muito do seu blog e continue nos presentiando com textos bem escritos que nos levam a refletir sobre nossa vida e ponderar algumas atitudes.

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  22. Vim agradecer pelo selinho, obrigada.

    Bjs

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  23. Oi minha querida, saudades daqui.
    Cheguei até a vir, te li e não consegui deixar comentário, espero que me perdoe, mas não fiz por mal, é essa danada de melancolia que as vezes me deixa desanimada e entro, leio e saio e nada falo.
    Mas eu adoro te ler, você coloca o texto de forma clara, que todos que aqui vem conseguem entender.
    Entendo encalhada do jeitinho que você descreveu.
    Casei-me beirando os 30 anos e nem por isso me sentia encalhada...rs.
    Beijos com muito carinho.
    Linda semana.
    Obrigada por teu carinho por mim lá no rabiscos.
    Te acho especial.

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